Imune
O tempo que se adivinha primaveril, o verde, passeia na
memória um tímido céu azul, fragmentado e distante, caindo em fascículos, na terra
ausente. Quatro linhas cardeais rodeiam o personagem num espaço contido, plano,
focado na objetividade do ser individual.
Este retrato cubista em tempos pandémicos, questiona, olho no olho, da
nossa própria condição e procura na estrela-talismã, refúgio celestial. O sujeito
com máscara sufoca na tentativa da fala e longe de uma abstração onírica, ou
psicótica, luta pela sua própria identidade, apela à liberdade. “A arte é o
regresso à vida”.
Imagem: trabalho do João Coutinho, Ovar
Texto: Helder Ventura
O joão Coutinho desafiou amigos de Facebook a elaborarem um texto sobre este seu trabalho. O melhor, segundo ele, ficava com a obra. ( 30x20)
O texto que ganhou foi este:
As portas fechadas.
Escondi-me atrás de uma máscara.
Precisava de ver o mundo.
Sentir a saudade de receber uma carta, de ver as estrelas e olhar serena para o Universo.
O que é que as estrelas nos estão a dizer?
Infelizmente as portas continuam fechadas. Apoiada nos pilares da vida, deixei de espreitar o mundo lá fora e com outro olhar, procuro o meu mundo.
Aquele que está dentro de mim e que só a mim pertence.
Escondi-me atrás de uma máscara.
Precisava de ver o mundo.
Sentir a saudade de receber uma carta, de ver as estrelas e olhar serena para o Universo.
O que é que as estrelas nos estão a dizer?
Infelizmente as portas continuam fechadas. Apoiada nos pilares da vida, deixei de espreitar o mundo lá fora e com outro olhar, procuro o meu mundo.
Aquele que está dentro de mim e que só a mim pertence.
Marta Freitas, Ovar 2020.
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