Barco branco sobre fumo branco













A densidade plástica da cor branca determina: o branco não é sinal de transparência.
A barca que nos leva à possibilidade de um novo rumo, de um novo país, é uma barca impossível, de gêlo e partículas finíssimas de esperança que se espalham imperceptíveis sobre as águas, qual ritual fúnebre, irreversível.

A densidade plástica da cor branca nestas velas não é real, assim como não é real este país. Este país é uma obra surrealista que se vende numa roleta ou num pomar, sonhando o euro aos milhões.
Por exemplo:  Maitê Proença. Enquanto repugnamos as suas frases todos se lembram das suas mamas,
E de como são belas só de vê-las.

Ou então,
A densidade plástica da cor branca exige uma tecitura ausente, uma frase sem sentido,
uma votação em segredo, um pouco de pez e de paz
talvez,
com uma comarca nas Índias
e lá voltamos ás barcas outra vez.

A densidade plástica da cor branca constrói uma irrealidade roxa,
uma diluida alforreca entre as mãos de uma foca,
e a Juliette Binoche a fazer um pic-nic
ali para os lados das Bocas do Inferno.

Assim vejo este momento, numa repartição de finanças,
onde o branco da cor branca se extingue
na densidade própria das vinhetas,
ali vamos colocando nossas cabeças,
sonhando com a transfiguração do banco.

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