Nós e os Barcos


Velame,
Acentuado furor eólico
Numa batalha desigual, mãos e sentimentos cruzam-se numa lânguida tormenta.

Casco;
Árvore de estaleiro, flecha aquamórfica,
Gume em desequilíbrio abissal, segurança de Titãns nas plumas das ondas.

Mastros;
Florestas primordiais, cabos e enseadas sob as nuvens, sinais de aparente acalmia.
.../...

Mordentes espirais aguardam os argonautas para as afinações nocturnas, onde habitam as tribos de manilhas e moitões, resistentes ao abatimento dos sonhos derivantes. Sulcam as águas as sibilantes escotas à deriva, enquanto mansos lavram as boieiras no escoar do tempo.

Sob estrelado estibordo, mesmo durante a luz diurna das regatas, o barlavento determina continentes inesperados de heróica irracionalidade.

Afirmando erráticas presunções de hierarquia,
Nós, e os barcos, a incomparável certeza.

Comentários

Anónimo disse…
hoje queria ser mais do que água, mais do que pele, mais do que vento sobre a tua frágua.
h ventura disse…
Quando me fazem lembrar versos de Sofia, estremeço qual valuma na rajada...