Noites de Oiro



Quinta do Monte d`Oiro - viognier.


Muito recentemente tive a sorte e o previlégio de beber este vinho.
É da região de Óbidos, da Quinta do Monte d`Oiro elaborado exclusivamente com a casta viognier, casta difícil e rara.
O vinho que bebi, bem fresco, de cor amarelo profunda, límpido, com aromas cruzando transversalmente o espectro de memórias do jardim das ervas da minha avó, um arco íris aromático mas a pender para os espectros dos violeta e vermelhos dos pêssegos, junto ao caroço, é um vinho que, para o incauto, pode até ser facilmente confundido com um tinto.
Ao início estranhamos a cor. Será que... Mas quando se eleva o copo, se aproxima o nariz, e finalmente se bebe, percebemos estar em presença de qualquer coisa muito fora do comum, das melhores.
Confesso que ia excelente com uma entrada de caril e atum, também esta notável, ou até mesmo com patê de ameixa, mas quando desceu um pouco a temperatura e acompanhou o robalo fresco "assado" envolto em prata e apenas azeite e algumas ervas singelas, acompanhado com alho francês levemente estufado, aí sim, atingiu-se um patamar de grandiosa harmonia, entre o espaço, as pessoas e a gastronomia, temperada pela euforia de mais uma grande descoberta.
De tal modo que, a meio do jantar, eu que desconhecia o teor alcoólico deste monumento da enologia nacional, apercebendo-me das convicções do vinho, atrevi-me a perguntar pelo seu teor alcoólico: 15%.
Ainda , temos que referir o seu autor, as uvas o "terroir" e a técnica ali colocadas em sublime equilíbrio, se se mantiver à temperatura certa.
Também acompanhou queijos, no final.
Notável a presença da madeira, da baunilha, que desaparece e dá lugar a uma frescura apurada que passa para um doce, talvez figo, e depois lembra novamente ... a brisa do mar. Faltam-nos referências na memória para podermos identificar todas as nuances deste extraordinário vinho.
Ou seria do robalo?

h.

Comentários

almagrande disse…
Prosa suculenta, até hoje foi a crítica mais entusiasta que li sobre este vinho! Seria do robalo? Provávelmente não, ainda não o experimentei mas acredito no bom gosto do seu criador.
Aguçaste-me a curiosidade.
Um abraço
Marco
h ventura disse…
Marco, meu caro amigo.
Pois esta quinta tem umas preciosidades... Já por duas vezes provei tintos da quinta do monte d`oiro. Em porto de mós , onde uns amigos têm alguma (pouca, helás) proximidade com a quinta...
Pois temos um dia destes que nos reunir em redor de um vinho. Antes que os dióspiros amadureçam a pensar, só para os melros. Abraço.