PLATAFORMA CIDADES OU A CIDADE COMO PLATAFORMA DE MUDANÇA


As cidades são pessoas, muitas pessoas, preferivelmente, pessoas em movimento. Não concebo uma cidade estática, sendo que a ideia de cidade em movimento se aplicará a uma cidade viva de contrastes e de contradições e em processo de densificação permanente.
Aparentemente contraditória, esta noção de movimento aplicada ao conceito de cidade que existe materialmente fixa no território, será tanto mais viva quanto maior mobilidade oferecer ás pessoas que a fazem, nas suas múltiplas relações espaciais mas também e sobretudo na mobilidade de conhecimento e de solidariedade que promovem. È possível estar fixamente sentado numa cadeira e no entanto promover reflexões críticas, projectos ou simplesmente acções cuja amplitude, abrangência e pertinência promovam um movimento significativo em torno de determinado número de pessoas. Penso que, no limite de uma visão futura, a noção de cidade passará por esta capacidade de movimentos de pessoas agregando-se em redor de objectivos comuns, num espaço físico de ténues contornos e descontinuidades espaciais num extremo, e fortes núcleos altamente densificados e de continuidades espaciais e funcionais bem precisas ao nível do território, no outro.
Onde residirá portanto o sucesso das cidades ? Não na sua dimensão, mas na capacidade de fomentar a componente agregadora possibilitando a partilha e a complementaridade num suporte físico onde o conforto e a dimensão estética sejam componentes acessíveis a todas as diferenças, individuais e colectivas.

Posto isto, tenho a dizer que nos últimos tempos, tendo sido convidado, tenho participado num movimento de cidadãos que promovem, com maior ou menor intermitência desde 2003, amplas conversas sobre temas pertinentes e criteriosamente escolhidos, e que procuram intervir no pulsar colectivo de Aveiro como pólo agregador de uma determinada região.
Enquanto se janta , se toma café, ou simplesmente se aguarda que o odor do vinho atinja aquela “nuance” que ficou do último encontro, vamos reflectindo sobre a Educação, tema de conversa do primeiro jantar em que participei e que deu origem a um debate na sala-café do Teatro Aveirense, ou sobre Orçamentos Participativos ao nível das autarquias, tema deste último encontro.
Podem crer que nos tempos que correm é circunstância notável a possibilidade destas conversas, sobretudo para quem vive numa espécie de periferia de tudo, numa pequena cidade como Ovar, incapaz de convencer a um pulsar colectivo para além do Carnaval e onde as elites se desconhecem. Aguarda-se que um destes dias sejam as cidades periféricas tema de conversa, preparada com algum cuidado, como têm sido as que referi.
Por agora Aveiro polariza a atenção.

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