Regata de moliceiros


foto: h.ventura



No São Paio da Torreira - 2008

Deixar aqui um comentário sobre esta romaria, de matriz religiosa, antecipando o equinócio e as vindimas, o fim dos dias grandes, é tarefa arriscada, tal o enorme imaginário colectivo que se estilhaça em miríades de microhistórias, compondo a sinfonia mítica deste movimento popular - A festa do S. Paio da Torreira.

A Torreira, território marginal das grandes pescarias desde as águas da ria em formação até ao oceano, que se foi desvinculando da água doce e tépida desse grande mar interior, e também das elevações ao alto nas manifestações a Baco, com início lá para os setembros medievais , nas incertas liberdades pagãs.

Território de mobilidade exótica , flutuabilidade inesperada das embarcações coloridas e simplesmente adaptadas a uma qualquer função, mesmo aquela da sátira e do enlevo pessoal nas proas, bateiras, mercantelas e moliceiros ali se reunem em congresso, agora com ar mais inglês, com direito a regatas, cujo tiro de canhão se adapta ao sibilante foguete. Pum!

E mais as gentes, a música e o colorido, a missa e a procissão com direito a banda e o acampar livre na praia até de manhã já tarde.

Mas mesmo aqui, como em todas as ilhas remotas, aparecerá sempre um navio para o resgate, o inevitável regresso, pois que o sol esmorece e a casa arrefece, temperaturas próprias para esta época . Setembro, o mês mais enigmático de sempre.



foto: h.ventura

"A pirotecnica vista da Béstida"
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Comentários

almagrande disse…
Tal como nos Vougas, a campeonite também chegou aos moliceiros.
Nunca os moliceiros tiveram panos destas dimensões, só falta aparecer um inteligente a construí-los em fibra de vidro.E a restante carneirada a anuir.