Beleza intangível


Terminei agora, mais uma vez, uma viagem a Veneza, no início de século. Uma epidemia ataca a cidade da água e das emoções . Um maestro morre na praia, impossibilitado de atingir a abstrata beleza, preso ao tempo sentado em cadeira de lona, que implacável o leva. A atmosfera sombria da música de Mahler que se extingue... e o orientalizante bolero, de Ravel que surge na rádio... e já não estou no Lido. A caravana percorre o deserto na luz do quase amanhecer e o falcão solta-se da mão do "falconier". Voa na luz da aurora em círculos ascendentes enquanto eu procuro ainda a estrela da manhã, referência necessária ao justo caminho, agora em mares de dunas, intermináveis dunas. Os barcos aqui não têm lugar, e as velas são lenços de tuaregues. A luz agora é mais forte, quase de meio dia.

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