a Praça

Visitei a praça mais uma vez. Já lá não ia há muito tempo.
Exercitei o meu direito pedonal, para baixo e para cima. E para cima e para baixo. Desde a liberdade, aos aliados, dois espaços em um, nunca consegui separá-los. Observei a menina sentada, sobre a água. Verifiquei a diversidade das cotas altimétricas, o plano inclinado, que resulta acentuado com a praça mais limpa. Tive pena do cavalo do D. Pedro, esse pseudo liberal. O cavalo. Coitado, bem sei que queria ver o douro... talvez um salto sobre o convento o levasse à ribeira.
Detive-me no espelho de àgua lá no cimo. Bem aquilo é mais um tanque, daqueles que se encontram nas quintas, onde se cometem os crimes passionais... as irreparáveis declarações de amor. A horizontalidade clara da água, o nível do lago, a fonte, acentuam a geografia do terreno. Esperei o Rio. Estava ausente , talvez em Vigo.
Sim ali existia um rio... mais um riacho, a julgar pela escala da fonte... A praça parece mais pequena, falta-lhe o negro do basalto, ou da pedra cálcárea escura, falta-lhe contraste . E as cadeiras de facto estão amarradas ao solo, Falta-lhe um pouco de improviso, talvez Kosturitza... a escala do edifício da Câmara está mais impositiva. Parece mais pequena a praça. Ou fui eu que entretanto cresci? O Siza aqui limitou-se a limpar. Assim uma espécie de higienização do espaço público. Bem, já chega de ASAE... Mas numa praça de representação simbólica haverá lugar ao improviso?

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