Mão Morta - Os contos de Maldoror

Que espectáculo! Não recomendável a quem procure apenas a suave melodia das colinas verdejantes, uma tranquila observação lírica, um romântico caçador de borboletas, como seria possível encontrar numa qualquer aldeia ribeirinha do Portugal castiço... Nada disso.

O espectáculo dos Mão Morta em Estarreja, "Os contos de Maldoror" sábado à noite, ficará como um evento de uma inegável força perturbadora, exercício de prospecção das entranhas numa lúcidez demasiado realista, para as mentes mais fogosas, que são as nossas e que por vezes não gostamos de saber que existem. Fiquei mesmo surpreendido ao saber que o texto do Conde Lautréamont, (pseudónimo), data de finais do séc. XIX... Revolucionário na história da literatura.
Quanto aos Mão Morta, bom som , bons músicos, a imagem frágil e inegavelmente poderosa da viola baixo, as teclas e a bateria, e os figurinos que nos transportavam para um território de trans-geografias tribais até ao operático neo-renascentista artista, Adolfo Luxúria Canibal. Um portento.
"Está dito".

Sobre o facto de ser em Estarreja, enfim, estamos a léguas de em Ovar poder usufruir de qualquer coisa de parecido.... O mais próximo que me recorde, foi a presença dos "Veia Assanhada" na Biblioteca doVar nos idos de 96...

Está escrito.
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