"DISTOPIA"

( Blade Runner)
A nave do sábio jesuíta bartolomeu era agora acompanhada por muitas outras passarolas futuristas suspensas sobre uma terra fumarenta e ofegante, de onde surgiam as fantásticas estruturas das grandes cidades já desaparecidas. Das atmosferas fumegantes que se coloriam na penumbra do amanhecer, formando nuvens que pareciam perder o fôlego ao querer abandonar o peso de milénios de existência, subiam em ascenção, como fios de seda, enormes e longos cabos em direcção à barca voadora, passarola onde se reuniam os lusitanos em demanda de um outro Grão Cataio, agora pensado sobre a verdejante Antártida. Estávamos no ano de 2610.
Trepando pelos cabos que uniam a terra às barcas, como tripulantes clandestinos de sempre, os lusos abandonavam a terra pátria em ascenção perigosa e fatal rumo aos escassos lugares na barca. Mais uma vez a demanda tão ao gosto dos povos marítimos...
Mas, tal como Gil Vicente já observara, os tipos que tentavam ganhar uma passagem para o paraíso apresentavam-se convictos de que eles, muito mais do que os outros , tinham direito à passagem redentora.
Confusos?
Não se iludam, a realidade é sempre mais fantástica do que a ficção. Talvez demasiado dramática e irreversível.

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