Contributos para uma menina desesperada...

GLOBALIDADE E IDENTIDADE CULTURAL
O QUE FAZER NUMA PERSPECTIVA EDUCATIVA


No princípio, a terra não era redonda.
O mediterrâneo era o centro do mundo civilizado e outras civilizações ou se desconheciam ou eram demasiado distantes e exóticas, de modo a não poderem ocupar o centro do mundo.

Nas tépidas ilhas do mar Egeu, nas temperadas costas do mar Cáspio, nas margens do Eufrates surgiam valores que estruturaram o desenvolvimento de sociedades que hoje consideramos os pioneiros do nosso modo civilizado. Os grandes imperios, as grandes religiões monoteístas, a escrita. Surge também a Democracia, entre divindades Olímpicas, jogos, e navegações para lá das colunas de Hércules, sempre novas terras e novas gentes, criou-se a ideia de que o espaço é ilimitado, a terra é infinita.
Mas surgem depois, muito depois, quando a Europa se retorcia de dores de crescimento e afirmação identitária resolvidas á luz da lança, da besta e da espada, os Descobrimentos.

No séc. XV e XVI, retomada a ideia de epopeia marítima e de espaço infinito, confirma-se afinal que a Terra é redonda e finita, que todo o espaço pode ser percorrido em qualquer direcção, voltando-se ao local de partida. Descobrem-se a partir daqui os primeiros sinais de uma globalização que se vê pela primeira vez ilustrada nos mapas e cartas de marear.

Mas, mesmo com a ideia concreta de que a terra existe como sólido geométrico mais ou menos regular, com diâmetro definido, com a ideia de que os povos habitam todos um espaço finito, com a Terra como base de sustentação comum, continuar-se-á a pensar e agir em áreas circunscritas e localmente pensadas, durante séculos.
Os centros dos impérios, as grandes cidades e os centros de conhecimento eram cada vez mais redutos de onde imanavam as elites de sustentação do poder além-mar.
Por isto e por muito mais, as culturas locais, as diferenças e os contrastes, a distância e o tempo de comunicaçao mantinham as diferentes identidades culturais existentes nos mais variados recantos do globo que conseguiram sobreviver á primeira globalização, coesas e sólidas.

E porquê?
Isto porque se mantinham as formas de vida, os sistemas de produção, as economias e as relações comerciais e sociais, isto é, as estruturas e os sistemas que emanavam da formas de produção arcaicas, de uma relação com o com o território determinada pelas leis da natureza, e das hierarquias sociais consolidadas ao longo de sáculos, intimamente relacionadas com essas formas de produção e desenvolvimento económico,mítico e filosáofico.
Neste contexto, as diferentes culturas europeias que se lançaram em projectos de hegemonia e de exploração de riquezas e mão-de-obra cariz imperialista e colonial, interagiram em determinadas regiões do mundo com as culturas locais, mas os tempos e as mudanças eram lentas e obedeciam ainda a regras oriundas de um passado e de uma tecnologia primitiva. As viagens faziam-se a cavalo ou à vela, os documentos e acordos eram redigidos á mão, cumpriam-se também a um ritmo lento, ajudados com balas de canhão ou outras formas de pressão.

Mas O iluminismo, a revolução francesa e a revolução industrial vieram revolucionar este "Modus Mundi".

A introdução das máquinas nos transportes, nas fábricas e nos campos, a adopção de valores universais, os direitos do homem e a democracia, a igualdade de homens e mulheres e por fim a revolução bolchevique vieram transformar radicalmente todo aquele estado de coisas. Ainda sob a batuta das aristocracias dominantes, ainda ao nível das cúpulas estatais, ainda com limitações no chegar a todos os recantos do mundo, as revoluções sociais económicas e industriais dos sec. XIX/XX início do sec. XX vieram influenciar grandes áreas do mundo , mas apenas em redutos que interessavam ás potencias dominantes....


e Hoje? como podemos ver a realidade desta pós-globalização?


cenas dos próximos capítulos....

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