Ovar e o futuro...
O nosso país, perante a encruzilhada em que se meteu, resolveu agora encontrar tempo para pensar. E este pensar está a construir um raro momento de profunda e convulsiva análise de nós próprios.
Este momento de hipercrítica geral que se estende como onda sísmica de Norte a Sul, (não sei, nunca sei, se chegará até ás ilhas adjacentes...), vai resultar num abanão ideológico, estruturante de novas mentalidades, na busca de novos paradigmas de conhecimento, na criação de alternativas para o desenvolvimento. Talvez, finalmente, numa verdadeira revolução. Poderia ser de facto assim, mas, pelo que vejo na acção política, corre-se o risco de esbanjar uma oportunidade, ( mais uma) para que Portugal se assuma como qualquer coisa de tangível e peculiar no concerto das nações, reinventando o ser e o estar português , universal...
Vamos lá a ver se é desta.
No vozeirão dos toques polifónicos entre Nações, a Portugal poderia caber um instrumento de geografia variável, ( sempre que olhamos o mar parecemos ir longe), bem desenhado, de toque harmonioso, que interrompesse esse vozeirão como uma dissonante bem colocada, logo, que se fizesse ouvir, contribuindo para a qualidade do concerto global, condição genética da nossa existência. Tendo, por exemplo, como modelo uma Finlândia, país onde se inventaram os Nokia-Tunes, e que há muito tempo olhamos cá do baixo e sabemos ser diferente, desde o tempo de Alvaar Alto, país do qual invejamos o modo como souberam redesenhar e reinventar os seus paradigmas, após as cíclicas catástrofes que sempre abalam de quando em vez, as nações.
Mas nós somos Portugueses e não temos mil lagos, condição essencial para que cresçam florestas ordenadas, agricultura biológica, turismo eco-cultural, educação estruturada no sentido de uma indústria cada vez mais inventiva e sustentável, assente numa miríade de pequenas empresas onde Design não é palavra apenas conotada com uma certa Lisboa cosmopolita ...
Sem o necessário afastamento das movimentações que se dizem próprias da democracia, fortemente deficitária nos meandros do poder autárquico, ( veja-se o beijo de Sócrates em Felgueiras ), teremos um quotidiano em permanente atropelo do futuro, quando o que se poderia experimentar era uma análise do passado e a correcção e recuperação de linhas estratégicas já ultrapassadas e que de facto nunca o foram de verdade, mas que poderiam ser “ Territórios de Experimentação”.
Por vocação e formação, (helas!) eu não me consigo alhear das questões do desenvolvimento, também em Ovar. È que em Portugal não há mil lagos, mas há pelo menos uns dez, e Ovar tem dois, um que se chama Ria e um outro pequeno enclave aquamórfico a que chamamos Barrinha. A questão não está portanto nos lagos, e, estando Ovar junto ao mar e á ria temos uma condição geo-genética de grande potencial para o desenvolvimento . (Será que me estou a repetir?)
O que é que se passa portanto? Porventura, será da natureza dos territórios de sedimentação e acomodação do poder, pois como sabemos da geologia, estes absorvem as ondas sísmicas e como tal a atitude hipercrítica não se propaga, é até adversa á consolidação do sossego. É que apesar de uns tantos fulgores bem esclarecidos que aqui e ali despontam, não chega a surtir efeito, morre nas margens, esbarra na indiferença e nos meandros dos pequenos interesses, como aquele último mercantel do sal, na zona industrial da Ribeira, ou aquele outro momento sigiloso e oportunista de “amarquizar” terraços e esplanadas, como aquela que se vê no Areínho, observando o lago em frente.
De que nos serve certificar o pão-de-ló, sobremesa de eleição, se o prato principal (o território) nos é servido frio, sem sal, sem sentido estético, e pior ainda, sem sentido de desenvolvimento estratégico?
Profunda contradição.
H.V.
Este momento de hipercrítica geral que se estende como onda sísmica de Norte a Sul, (não sei, nunca sei, se chegará até ás ilhas adjacentes...), vai resultar num abanão ideológico, estruturante de novas mentalidades, na busca de novos paradigmas de conhecimento, na criação de alternativas para o desenvolvimento. Talvez, finalmente, numa verdadeira revolução. Poderia ser de facto assim, mas, pelo que vejo na acção política, corre-se o risco de esbanjar uma oportunidade, ( mais uma) para que Portugal se assuma como qualquer coisa de tangível e peculiar no concerto das nações, reinventando o ser e o estar português , universal...
Vamos lá a ver se é desta.
No vozeirão dos toques polifónicos entre Nações, a Portugal poderia caber um instrumento de geografia variável, ( sempre que olhamos o mar parecemos ir longe), bem desenhado, de toque harmonioso, que interrompesse esse vozeirão como uma dissonante bem colocada, logo, que se fizesse ouvir, contribuindo para a qualidade do concerto global, condição genética da nossa existência. Tendo, por exemplo, como modelo uma Finlândia, país onde se inventaram os Nokia-Tunes, e que há muito tempo olhamos cá do baixo e sabemos ser diferente, desde o tempo de Alvaar Alto, país do qual invejamos o modo como souberam redesenhar e reinventar os seus paradigmas, após as cíclicas catástrofes que sempre abalam de quando em vez, as nações.
Mas nós somos Portugueses e não temos mil lagos, condição essencial para que cresçam florestas ordenadas, agricultura biológica, turismo eco-cultural, educação estruturada no sentido de uma indústria cada vez mais inventiva e sustentável, assente numa miríade de pequenas empresas onde Design não é palavra apenas conotada com uma certa Lisboa cosmopolita ...
Sem o necessário afastamento das movimentações que se dizem próprias da democracia, fortemente deficitária nos meandros do poder autárquico, ( veja-se o beijo de Sócrates em Felgueiras ), teremos um quotidiano em permanente atropelo do futuro, quando o que se poderia experimentar era uma análise do passado e a correcção e recuperação de linhas estratégicas já ultrapassadas e que de facto nunca o foram de verdade, mas que poderiam ser “ Territórios de Experimentação”.
Por vocação e formação, (helas!) eu não me consigo alhear das questões do desenvolvimento, também em Ovar. È que em Portugal não há mil lagos, mas há pelo menos uns dez, e Ovar tem dois, um que se chama Ria e um outro pequeno enclave aquamórfico a que chamamos Barrinha. A questão não está portanto nos lagos, e, estando Ovar junto ao mar e á ria temos uma condição geo-genética de grande potencial para o desenvolvimento . (Será que me estou a repetir?)
O que é que se passa portanto? Porventura, será da natureza dos territórios de sedimentação e acomodação do poder, pois como sabemos da geologia, estes absorvem as ondas sísmicas e como tal a atitude hipercrítica não se propaga, é até adversa á consolidação do sossego. É que apesar de uns tantos fulgores bem esclarecidos que aqui e ali despontam, não chega a surtir efeito, morre nas margens, esbarra na indiferença e nos meandros dos pequenos interesses, como aquele último mercantel do sal, na zona industrial da Ribeira, ou aquele outro momento sigiloso e oportunista de “amarquizar” terraços e esplanadas, como aquela que se vê no Areínho, observando o lago em frente.
De que nos serve certificar o pão-de-ló, sobremesa de eleição, se o prato principal (o território) nos é servido frio, sem sal, sem sentido estético, e pior ainda, sem sentido de desenvolvimento estratégico?
Profunda contradição.
H.V.
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