Trivia

Foto: F. Ethimiathis - Laboe

Algo nos ciganos me fascina, é aquela mobilidade sem fronteiras, o desapego á terra, o desafio das normas, a não catalogação, a anarquia, o profundo sentido identitário, de grupo, de liderança.

Tema da assembleia municipal de aqui, tema periférico, ignorado, e colocado sob o tapete, os ciganos pela sua marginalidade são colocados á margem como eram os pescadores no passado. Temos exemplos. Bairro de S. José, Lamarão e Poço de Baixo, "Rua Velha", etc.
As periferias mais ou menos distantes, trazeiras num lado e zonas chiques do outro, servem como caixote para resolvermos os problemas que não conseguimos atempadamente resolver com determinação e consciência do futuro. Ao criarmos a aceitarmos a criação de guetos estamos a aceitar a marginalidade e a permitir o eterno conflito.
Por outro lado, os ciganos querem assim. Querem a marginalidade, pois assim mantém as caracteristicas que os identificam como etnia. Isolados, pouco interessados nas regras e na integração, ( para quê?) procuram também a conveniente distância para as actividades transfronteiriças. Fronteira é algo que não existe no seu léxico cultural.

Leio que em Beja este assunto está a ser tratado com algum pioneirismo, pelo menos por lá tenta-se. Imagino o trabalho das assistentes sociais de Beja...
Será que estamos condenados a viver com situações como aquela de Enxemil / Cruzeiro da Virgem? Até a contradição da toponímia nos faz pensar que algo de grave, de potencialmente complexo está para acontecer...

Por que não sabemos lidar com o transfronteiriço? Será enguiço? Será Chuva?
Gente é certamente.
e desapego á sedentario

Comentários

h ventura disse…
dizer obrigado parece-me assim uma espécie de gesto apenas obrigado. Mas mesmo assim digo. Sem obrigação nenhuma.
sobre a mãe de todas as artes, entendo esta frase no território do colectivo, do social. pelos meios que necessita e pelos processos de implementação, a arquitectura tendo por vezes um autor, não se esgota no acto de projectar. a arquitectura é um feito colectivo. e através dela sabemos das civilizações, dos povos. neste sentido aceito a frase. Mas o cinema também toca este universo... embora mais virtual, o cinema ocupa uma dimensão grande, mas como é projectação, talvez não seja tão verdadeiro. A arquitectura é projectação e construção. Mente menos, é mais implacável para com os seus protagonistas e ser arquitecto é muito difícil. em Portugal anda tudo muito confuso em relação á arquitectura. somam-se os projectos urbanos falhados, os edifícios poluidores da paisagem, os fracassos. E nós arquitectos estamos sempre na ribalta, pelas más razões.
Mas é possivel fazer melhor.