Dr. Soares,
permita-me que me apresente; Helder Ventura, residente em Ovar.

O que me leva a cuidar do meu tempo aqui, tem a ver com a sua possível re-recanditatura a Presidente da República. Não que o considere inapto para a nobre função, ou velho, embora o seja, mas não penso que Portugal, agora, necessite de si para o cargo em questão. Como sabe bem melhor do que eu, o que levará alguns portugueses a votarem em si será a hipotética ausência de personagem de vulto para ocupar esse cargo. A pior razão possivel. O hiato socio-político que obriga a possibilitar a sua possível candidatura. Ora na ausência de uma personagem para o lugar de presidente que corporize o momento que Portugal é, eu ficaria muito mais tranquilo se o dr. Soares questionasse e agisse de modo a denunciar este hiato e não se candidatasse. Deste modo poderia contribuir de forma muito mais construtiva para a transformação que este país necessita. E o que este país necessita de momento é de um abanão, vigoroso, clivante e cavalgante. Não o refúgio em símbolos do passado, mesmo que de uma revolução, que ficou conhecida pela flor...
(Talvez o problema fosse esse, o do cravo, que de tanto o querer ser nunca o foi...)
O Dr. Soares , sintetizando, conquistou respeito e transmite sabedoria. Para muitos é um símbolo. Se utilizar o lugar simbólico que construiu, destrói-se entre pedras das inacabadas ruínas do séc. xx.
Escusado será dizer que quanto á candidatura do Dr. Cavaco Silva...
Por isso peço-lhe, resista como sabe, e não se candidate. Dê um salto em frente, que é o sinal que Portugal precisa. E por falar em Portugal, que tem sempre tantos vultos a treparem por aí acima, como é possível que não aconteçam outros valores, outras gentes?
Por isso se dessemos lugar á Poesia, embora eu prefira Mário Henrique Leiria, Cesariny, (também Mário, tem graça) Pessoa e Camões. Talvez Antero. Enfim, Havel era dramaturgo e também foi presidente, embora como presidente seja mais conhecido ...
E de momento, já me chamaram para o jantar, resta-me desejar que encontre a paz necessária para uma boa decisão. Uma Paz á maneira oriental, esquecendo S. Agostinho, permita-me a sugestão.

Bem haja.

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