Doem-me os dedos doridos

Doem-me dedos doridos das escotas
nas feridas abertas com sal.
Forças de Eolo vão manejando o barco
forçam a onda na crista da vaga que singra rumo á bóia
Á popa, á popa, cassa, cassa, folga, arribar onde tudo é possível.

Anulada a regata, o vento não se entendia com as embarcações ligeiras, todos em sincronia entramos a barra de Tavira. A enorme quantidades de madeira lustrosa e exótica, progredindo ao sabor de um vento que permitia abrir as velas como borboletas planando, tripulações competitivas de súbito transformadas em passeantes distendidos sobre as águas, o momento único de uma frota entrando um porto, como quem acaba de terminar a mais bela viagem nos mares do sul. Nas margens o inusitado panorama estarrecia os incautos veraneantes, a quem era oferecido um cenário imprevisível, inesperado, dádiva dos clássicos mares universais.
Como esquecer as expressões de embaraço, misto agradecimento, temperado com perplexão, e as correias dos miúdos acompanhando aqueles panos brancos entrelaçados em paus e fios sobre uns barquinhos tão lindos a entrarem todos ao mesmo tempo na barra de Tavira...
Eu, olhando em redor, só me lembrava da armada do Gama... ou outra que não sabemos mas que decerto por ali passou.

Comentários

Anónimo disse…
sabes? tu sabes.
queria ter os dedos doridos das escotas.