IDENCIDADE

A densidade identitária de uma cidade como Ovar, onde densidade é coisa pouca, terras de var e água, areias e dunas, coisa africana, Dagarei e outros enigmas, coloca-me por vezes numa luta com invisíveis diabretes, daqueles que esvoaçam em redor das nossas cabeças e nos fazem perder tempo á procura das coisas do quotidiano, já de si muito complexo e a necessitar toda a concentração...

Telefona-me hà dias personagem de relevo de certo partido local, dizendo que lhe disseram que meu nome circulava como personagem importante em lista para as autárquicas, em certo outro partido...

Grande surpresa ou a notícia em primeira mão, eu que não sabia de nada. Mas o que é certo é que estas coisas e estes telefonemes se fazem, com objectivos que só os politicólogos conhecem...

Entre partidos e pessoas, nestes tempos que se agitam localmente, sensibilidades á flor da pele, todo o cuidado é pouco para se evitarem confusões e malentendidos, que no meu caso podem sair caros, até fatais pois sou de difícil emparcelamento no que diz respeito á minha acção pública, que ocorre ao nível das propostas de desenvolvimento que me permito propor e desenvolver, a custas próprias, mas que para serem realidade passarão sempre por uma apropriação do poder instituido, que se identificará (ou não) com essas propostas... o que me daria grande prazer e alento, está claro de ver.


Numa pequena terra é difícil assim actuar. Mas como continuo a acreditar na iniciativa, na construção do futuro pelas mãos do presente, na evolução que sai das nossas mãos e não das do "vizinho" , por vezes á coca e de má fé, continuo a progredir com os meus afazeres e acções, tivera eu tempo para mais...

Por isso reinvindico alto e bom som o direito à minha equidistância política.

Todos os partidos e pessoas que localmente os compões são matéria á partida, válida e legítima. Por isso aceito convites para debates e reflexões que têm como objectivo discutir esta terra. Ovar é tema demasiado vasto, demasiado importante, para ficar encerrado apenas num partido, diga-se num grupo restrito de pessoas.
Aceito percorrer as margens do Castér em iniciativa do PC local verificando o estado do sitio do Parque Urbano, projecto do conceituado arq. Paisagista Sidónio Pardal, tema sobre o qual escrevi, assim contribuindo inclusive, em sede de plano, para um olhar mais atento a certas artérias da cidade que correm como veias ao longo das ruas... (O aquamorfismo, mais uma vez...).
Aceitei participar em debate do Bloco de Esquerda local para pensar Ovar. Tendo uma pessoa da minha família nesta força política, seria no mínimo indelicado não aceitar esse convite.
Desde logo se verifica que, tendo sido convidado por pessoa de relevo do partido, para estar presente num debate sobre desenvolvimento do concelho, iniciativa desta feita do Gabinete de Estudos do PSD de Ovar, e tendo em conta os palestrantes, alguns dos quais conheço pessoalmente, aceitei e lá estive, tendo esta iniciativa o dom de em momentos se tornar bastante interessante. Mas como pormenor de somenos importância, certa personagem por sinal até colega de profissão, quase que me batia com a porta, pois é daqueles que não percebem sequer o que significa direito á equidistância...

Tenho desde há anos e pelas razões de uma certa actividade em torno do urbanismo e da história local, contactos amistosos com o actual presidente da Câmara de Ovar, pessoa que admiro pela sua craveira intelectual. Terá defeitos, emociona-se, perde por vezes a razão, como todos nós, mas considero que o seu trabalho, pelo que me dizem por dentro, está a ser eficaz e honesto.

Nunca fui a Iniciativas do CDS pois nunca me convidaram, assim como nunca participei em alguma iniciativa do PS de Ovar, pois para além de escassas, também nunca fui convidado, e nestas coisas dos partidos não se aparece assim como quem vai ao café...

Ser independente e participativo, ter ideias e modelos de aplicação das mesmas, numa terra como Ovar não é facil. A democracia "que temos" ainda tem muito para andar e as pessoas ... it`s all about people. Por isso meus caros protagonistas políticos locais, não percam a cabeça e quando quiserem falar com as pessoas, falem abertamente, sem trunfos na manga, nem meias palavras. Digam ao que vêem, o que querem, sejam claros.

E não caiam no palavreado maledicente e especulativo sobre outrem. Please...

Ufa!


esta custou. Mas foi de rajada, não se preocupem...

deste vosso

amigo ;

h.


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Comentários

Anónimo disse…
Tens o péssimo hábito de submeteres os teus leitores a longas curas de abstinência...

A espera valeu a pena. Aprecio o facto de te teres dado ao trabalho de explicar a tua "posição", no caso em apreço, equidistante...

Fossem outros igualmente lestos nesse saudável exercício de esclarecimento e não viveríamos na cacofonia actual, onde só vicejam os videirinhos...

Abraços,

Jorge