A geometria variável

Barcos, água, território, a metamorfose híbrida de formas de vida, causa de coisas e de formas em transformação.
Institucionalizada a ideia de uma hibrida e pulverizante realidade, eis que a reboque vai a arquitectura, experimentando espaços de actualização (in) possível. Nestes termos nunca a arquitectura será vanguarda, o que nos leva á nostalgia. (Experimento pois uma releitura ou reinterpretação do artesanato, pois outros meios não tenho...) Mas sendo de geometrias o espaço possivelmente feito e inventado, numa espécie de oásis eremita, proponho a reinterpretação das formas primárias da geometria, temperada com a sempre escassa disponibilidade de meios. Um neo-vanguardismo localizante...
O que aparece no terreno resultado da minha acção, é portanto e apenas uma ponta de icebergue, pois a vertiginosa síntese das mutações e informações não nos deixa operar em tudo e pela mesma medida. Faltam-me os territórios de operação, já chamados de inovação, palavra gasta e sem significado, pois a acção é o que conta.
O entendimento das linguagens híbridas, é, neste estado de coisas, modo eficaz de clarificar e libertar a criação. Neste campo actuam as cidades, e a necessária operacionalidade do protagonismo, que se estende ao fenómeno sócio-político, e ao indivíduo. Este momento peculiar tem uma consequência, a impossibilidade da igualdade, mesmo que básica, entre individuos e, consequentemente, a impossibilidade da democracia.
O meio mais forte de actuar em revolução parece ser na arte, nesta arte que entende o hibrido como fonte inesgotável para a possibilidade de relacionamentos cruzados. Reside aqui a força de LiebesKind, por exemplo, assentando em Buyeus a sua negação do absoluto unidereccional. Ao democratizar o elementar, evidenciando-o, ao projectar o simples gesto de aceder ao simbolo ou á sua possibilidade iconográfica, em múltiplas direcções, faz-nos a todos parecer parte do todo grandioso. Vêjam-se as distâncias que passam por Brancusi, espiral de vidro e acrílico, por Mies, nas torres de vidro transparente e agora em "Ground Zero" o vidro em espiral ascendente...
Temos um neo-barroco democrático?
Temos concerteza um ícone que parece acessível e transparente, aparentemente democrático, que reponde a todos os complexos ingredientes presentes num projecto que tem um líder, cuja grande força é o da enorme capacidade de visionar e explicitar um novo mundo. Um mundo de vidro e água e geometrias variáveis.

Quero dizer que em Ovar já há muito que tenho vindo a falar de torres e de poentes inesquecíveis.
E assim regresso de novo ao artesanato... e á cómoda do Paulo Necas que há muito está concrertizada em madeira das florestas nacionais, daquelas que sobrevivem graças ao regime florestal de 1901...
Talvez da cómoda passe ao barco e visite Manhathan em 2007.

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