As razões de um Luso VIII - O Pirelióforo


Do padre Himalaya -

Podem pensar que tenho uma qualquer admiração por padres, mas o que na realidade acontece é que tenho uma especial admiração por padres. Quase todos os que conheci ( tive sorte?) possuem uma cultura fora do comum e uma firmeza de atitudes que nos tranquilizam. São portanto referências no meu mundo. Isto para não falar de António Vieira, cuja vida nos perturba...

Sem esquecermos os tenebrosos, temos personagens fascinantes no mundo dos religiosos. É o caso do padre Himalaya, assim conhecido por ser de grande estatura. Já tinha visto um programa de TV sobre este padre, mas hoje no Público aparece um texto que fala de um documentário sobre este homem, que se projectou no Rivoli, e que se baseia numa pesquisa de Jacinto Rodrigues, professor pioneiro na holística arquitectónica e tantas vezes tido como excêntrico na faculdade de arquitectura do Porto...

Este padre de nome Manuel António Gomes (1868-1933) venceu o grande prémio da exposição universal de St. Louis, Missouri, Usa, com o seu forno solar o " Pirelióforo", enorme estrutura metálica onde se colocavam com precisão imensos espelhos que faziam convergir a luz e o calor do sol num determinado ponto até atingir temperaturas capazes de derreter pedra! O invento é pioneiro na descoberta de energias renováveis e "limpas". (ver Público pag. 39 de 11 de fevereiro).

O padre Himalaya é pois figura pertinente na busca das razões de ser luso, e passageiro de pleno direito na Passarola de Padre Bartolomeu de Gusmão, que necessitava de novo fôlego levitacional.

Temos pois, agora a bordo, o padre Himalaya, que com as suas lentes de aquecimento solar procurava eliminar o obscurantismo, varrendo com feixes de lucidez a imperturbável estirpe dos lusos aferrochados.
O pior é que os brasileiros do marketing político já tinham chegado da América, esquecendo os ensinamentos de Kerouac, e mesmo de Thomas Jefferson, criando incessantemente realidades mediáticas á boa maneira Buchímane, fazendo periclitar aqui e ali os Socráticos, que se continham conforme podiam... No entanto o sotaque brasileiro fazia ondas no fundo...

No Ìndico...

aproximava-se, implacável, o hidroplano de Gago e Sacadura. A passarola ainda estava a ver se descobria náufragos, e as notícias, em vez do pombo, desta vez adoptaram novo meio tecnológico. O hidroavião...
e o choque na água.

- Tchouc!... Tchouc!... Tchouc!


( Eram os flutuadores do Lusitânea a amarar).

Gago Coutinho trazia agarrado a ele um cordel que prendera as indicações de Durão para ganharmos a Taça América. (Ali, ignorava-se o facto de os Suíços não pertencerem á comunidade e não se mostrarem sensíveis ás palestras em Lausane por um seu antigo aluno, o que explica em parte o nosso fracasso na questão da Taça. Mas adiante.)

Gago estava cansado. O Lusitânea flutuava bem, mas o pior era mantê-lo a voar Sacadura não parava de ripostar com as OGMA, mas agora os tempos eram outros e hidroplanos eram coisa rara. Daí as notícias levarem o seu tempo...

Comentários