A mediocridade pacífica, o sonho atlântico, a utopia índica

Entre estes três mares que formam o mar português, onde pontua também a originalidade mediterânica e a impossibilidade japonesa, nos espaços inter-temporaes de Wenceslau, flutua a Passarola de Padre Bartolomeu. A bordo, como sabemos, vai o jesuita, o poeta, as ninfas, D. Fuas salvo da queda no abismo, e muitos mais. Neste preciso momento paira flutuando sobre o mar arábico.

- Ninfas - " Meu Deus, tanta destruição, padre..."
-Padre- (breve silêncio...) - "são as forças da Natureza, as leis da Natureza, não as leis de Deus..."
- Poeta- " não haverá portanto algo de impreciso na criação?"
D. Fuas- ( bramindo a espada) " Olha que eu não te admito, então eu que fui salvo de morte certa, em plena queda... foi uma intervenção divina..."
- "mas foi a Passarola..." disse o poeta. "
Nisto, uma ave, de voo errático, mau presságio, vinda de longe, choca violentamente com a passarola e desmaia.
Todos acorrem a socorrê-la, trazia notícias.

No reino reinava grande confusão e tudo se processava a um ritmo devorador. Quase ninguém escapava, a onda de acontecimentos arrastava consigo tudo e todos, menos aqueles já treinados em 1775. Os que escaparam ao Marquês. Essa inteligência, Eduardo Lourenço, Vasco Pulido Valente, e outros, numa lista de dez, teciam considerações, contraditórias como sempre.
Oscilavam os pobres náufragos da nação ao sabor da onda, ora para a esquerda, ora para a direita, ao sabor da força mediática da onda, que infalivelmente iria parar no centro, aquele espaço que não serve para nada, em arquitectura, diga-se.
Era esse o grande dilema do reino. O centro, sempre estável, em vez de oscilante irrequieto, contrariando as leis da física atómica. A repetição de toda a senilidade presente em todos os grandes protagonistas das listas de milhares que se atropelavam pela segurança de um lugar alto e estável mais uma vez, em S. Bento. Traições, facadas, maus tratos a crianças de berço, mulheres de um lado homens do outro, guerras e intrigas apelidadas de tragicómicas.
As notícias não eram boas, nem do Atlântico nem do Índico.

Mas, do Japão, vinha ajuda e da alta Europa, Abramovich e Mourinho. Eram possibilidades. Até porque sendo portugûes, como é que o homem consegue tanta certeza?
A recondução das águas passará por aqui ? Depois do degêlo...

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