ORGULHOSAMENTE SÓS.

O grande Carnaval de Ovar.

Esta quadra natalícia teve como tema dos mais conversados, acaloradamente, a possível vinda de personagens da Quinta das celebridades ao Carnaval de Ovar.
Coisa insignificante? Nem pensar. Aqui neste burgosinho, o tema Carnaval é dos que mais apaixona, por razões profundas, onde pontua aquela que diz que este carnaval é só nosso pois de uma forma ou de outra praticamente toda a sua existência foi protagonizada por gente de Ovar e todas as actuais gerações têm ou tiveram algo a ver directamente com o Carnaval...
Eu, embora não tenha uma especial admiração pelo programa de televisão, nenhuma mesmo, acho que o Carnaval de Ovar poderia ser um evento onde a abertura de espírito, pelo menos o carnavalesco, fosse possível. Mas assim não é. Ora vendo bem a questão que mal faria termos a Cinha Jardim ( vou tratar todos assim, embora não os conheça de lado nenhum, que me desculpem...) a sambar numa escola de samba? ou aquela morena bonitinha como destaque? ou o Frota, ( belo nome) a tocar "surdo", ou outra coisa qualquer? ou a Júlia Pinheiro passeando um burro, a abrir o carnaval? e o Castelo Branco, exibindo todo seu charme estudado, imagino-o mesmo subindo as bancadas de quando em vez, distribuindo rosas pelas senhoras... e cumprimentando especialmente o sr. presidente da Câmara, que bela imagem para a história talvez a melhor de todo o mandato do Dr. França. Mas isto são só impossibilidades. E porquê? Porque esta questão veio levantar o véu de uma realidade assustadora, que é a ausência do espírito carnavalesco na maior parte dos que verdadeiramente fazem o carnaval. Triste conclusão.
Os argumentos contra são de vária índole. O primeiro é que se quebra a tradição. Qual tradição? É possível dizer com seriedade que o carnaval de Ovar foi sempre igual e que por isso possui desde logo uma tradição? Qual tradição tem o Cranaval de Ovar que se perderia com a vinda de personagens conhecidas brincar ao carnaval? A não ser aquela que diz que o Carnaval em Ovar foi sempre feito com a prata da casa. O que não é verdade nem poderia ser, num mundo cada vez mais global e trnsfronteiriço.
Outro argumento contra seria o gasto de dinheiro e o risco da profissionalização dos agentes carnavalescos. Mas o que é o carnaval senão gastar dinheiro investindo naquilo que é apenas uma festa que se quer dinâmica e renovada? Sem investimento como podem as coisas acontecer? Profissionalização? E o que fariam os "profissionais" do carnaval o resto do
ano? Esta não entendo.
A tradição, o dinheiro e ainda outro argumento, esse talvez mais arguto que diz que convidar aqueles personagens seria descer muito baixo na busca de uma evolução que se quer criativa e estéticamente avançada. Mas poderemos hoje, negar a diversidade e mesmo a legitimidade de experiências cujo resultado, podendo ser incerto, poderiam também criar uma porta para a mediatização, a um nível onde o Carnaval de Ovar está cronicamente ausente?
As verdadeiras razões que levaram quase todos os grupos mais emblemáticos a reagirem de modo tão radical são bem mais profundas e prendem-se com o provincianismo, com a falta de visão e abertura á comtenporaneidade, quer gostemos dela ou não. Não é o carnaval pelo que encerra de simbólico altura para questionarmos mesmo o que temos de mais seguro e firme? Não é o medo da diferença, protagonizada neste e naquele personagem da Quinta das celebridades a verdadeira razão do afastamento logo á partida e sem aprofundar a questão da possibilidade de recebermos umas tantas pessoas, que apenas estão a lutar pela vidinha com as armas que Têm ou pensam ter?
Perguntas, perguntas, perguntas....

Voltarei ao tema, espero sobreviver...

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