De Ovar.
De Facto, apesar da proximidade, direi que o carnaval de Ovar tem algumas originalidades, umas tantas circunstâncias que o caracterizam como um evento onde o pulsar colectivo, a ideia de grupo, a competição, a criatividade a ostentação e uma certa teatralidade pontuam com grande nitidez. Se se quizer dizer que este carnaval é diferente de muitas outras terras, e em certa medida o é , teremos que procurar as razões dessas diferenças para deste modo o podermos afirmar em segurança, sem cairmos no ridiculo de narciso, mirando-se nas águas.
Como qualquer explicação de fenómenos colectivos que se enraizaram socialmente, teremos que começar pela história do sítio. Desde logo nos vem á ideia aquela frase batida que dos Reis se passa para o Carnaval e logo depois para as procissões da Quaresma, quase sempre de seguida e sobretudo ( agora já não tanto) com os mesmos actores e personagens, figurantes e organizadores.
Para além disso o percurso do Carnaval ocupou exactamente o mesmo percurso urbano das referidas procissões, circuitos que em vários tratados de urbanísmo aparecem como referenciadores das identidades colectivas, ou noutras áreas da antropologia como circuitos da "sacralização dos espaços".
Outra circunstância interessante é aquela em que se verifica a presença de todos os estratos sociais Vareiros na produção elaboração e organização do evento, o que desde logo dá uma dimensão social fortíssima ao evento, que cruza toda a população, e onde todos se revêm e participam. De notar que as organizações colectivas não são coisa nova para os Vareiros. Aqui, centro piscatório desde a Idade Média, pontuaram as "Companhas" empresas de pesca onde a camaradagem o sentido de entreajuda a solidariedade e a articulação de tarefas para " botar o Barco" arribar o barco, puxar redes, vender peixe, etc. sedimentou o hábito colectivo, em grupos de dimensão considerável, como são os grupos que fazem o Carnaval.
As procissões quaresmais e as Capelas dos Paços, fruto do barroco, da sua estética, ideologia e teatralidade.
A emotividade religiosa e o imaginario da gente da Beira-Mar de forte sentido de independência mas também sensível ao misticismo e ao religioso.
Se verificarmos a rica estatuária a estas capelas aliadas perceberemos um pouco mais do grotesco e do caricatural, sempre presente no imaginário dos vareiros, sobretudo após este fenómeno de grande erudição que foi o barroco em Ovar.
( continuarei)
De Facto, apesar da proximidade, direi que o carnaval de Ovar tem algumas originalidades, umas tantas circunstâncias que o caracterizam como um evento onde o pulsar colectivo, a ideia de grupo, a competição, a criatividade a ostentação e uma certa teatralidade pontuam com grande nitidez. Se se quizer dizer que este carnaval é diferente de muitas outras terras, e em certa medida o é , teremos que procurar as razões dessas diferenças para deste modo o podermos afirmar em segurança, sem cairmos no ridiculo de narciso, mirando-se nas águas.
Como qualquer explicação de fenómenos colectivos que se enraizaram socialmente, teremos que começar pela história do sítio. Desde logo nos vem á ideia aquela frase batida que dos Reis se passa para o Carnaval e logo depois para as procissões da Quaresma, quase sempre de seguida e sobretudo ( agora já não tanto) com os mesmos actores e personagens, figurantes e organizadores.
Para além disso o percurso do Carnaval ocupou exactamente o mesmo percurso urbano das referidas procissões, circuitos que em vários tratados de urbanísmo aparecem como referenciadores das identidades colectivas, ou noutras áreas da antropologia como circuitos da "sacralização dos espaços".
Outra circunstância interessante é aquela em que se verifica a presença de todos os estratos sociais Vareiros na produção elaboração e organização do evento, o que desde logo dá uma dimensão social fortíssima ao evento, que cruza toda a população, e onde todos se revêm e participam. De notar que as organizações colectivas não são coisa nova para os Vareiros. Aqui, centro piscatório desde a Idade Média, pontuaram as "Companhas" empresas de pesca onde a camaradagem o sentido de entreajuda a solidariedade e a articulação de tarefas para " botar o Barco" arribar o barco, puxar redes, vender peixe, etc. sedimentou o hábito colectivo, em grupos de dimensão considerável, como são os grupos que fazem o Carnaval.
As procissões quaresmais e as Capelas dos Paços, fruto do barroco, da sua estética, ideologia e teatralidade.
A emotividade religiosa e o imaginario da gente da Beira-Mar de forte sentido de independência mas também sensível ao misticismo e ao religioso.
Se verificarmos a rica estatuária a estas capelas aliadas perceberemos um pouco mais do grotesco e do caricatural, sempre presente no imaginário dos vareiros, sobretudo após este fenómeno de grande erudição que foi o barroco em Ovar.
( continuarei)
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