Voltar aos Açores

As Desventuras de um luso em regressando de Férias.


Os Corte Real de bons navegadores que eram, e bem informados, encontraram-se com a Passarola de Padre Bartolomeu. Este fantástico evento voador, que salvara D. Fuas do abismo, orientara Gago Coutinho e Sacadura, encontrara jack Kerouac no Wyoming, estivera prestes a encontrar o Prestes João, encontrava-se agora sobrevoando o Pico, a montanha fenomenal do arquipélago.
Miguel estava preparando a largada para o Norte, sempre a América que ainda não o era, quando vê um fumo branco expelindo-se do vulcão. Homem da renascença, não se intimidou, e viu aproximar-se a Passarola. Eram novas do Continente.

Segundo o poeta Luis, que estava a inventar uns lusíadas do futuro, havia grande confusão no reino. Aparecera um barco com mulheres lá dentro, vindo da liga hanseática, que teimava em atracar e não deixavam. Elas, que até diziam querer fazer o bem, eram muito mal vistas por certas figuras poderosas, pois gostavam de fazer amor.
Miguel perguntou a Luis se aquela história não era invenção dele, que em andando a pesquisar os clássicos por causa dos lusíadas, se não se teria deixado entusiasmar pelas histórias do Ulisses e das sereias...
Não! Que Não!, dizia o Poeta, pois até as cortes se tinham reunido para saber se era legítimo deixarem umas quantas mulheres ao largo, só porque queriam falar com outras mulheres, que andavam prenhes e cujos maridos andavam por fora, nas descobertas, e se eles voltassem ia ser o bom e o bonito, pois milagres não acontecem todos os dias e elas estavam já com barriginha a notar-se e não era das uvas... e as mulheres do barco diziam que se falassem com elas elas ficariam livres da fogueira, pois porque se estavam a preparar uns métodos infalíveis para pôr aquela gente na ordem que isto das descobertas tinha trazido grandes confusões aos filósofos da igreja que não sabiam se a terra era redonda e onde estava o Sol e estava tudo muito confuso e então iam instituir uns autos de fé, só para terem a certeza...
Nisto o Vulcão cuspiu fogo e todos se tiveram que por a salvo. Mas não. Era uma corveta da marinha que falhando um tiro no barco das mulheres tinha acertado no Pico. Grande prova de virilidade marinheira.

Vamos então lá de bater mais um bocadinho...
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Este texto é dedicado ao nosso senhor Presidente da República.


Nos Açores somos tratados por Senhores. Como eu respeito os Açores, terra onde a memória ocupa um lugar preponderante.

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