A Supernova


Uma boa nova estava eu a dar, coisa rara em final de julho, com o calor a arder, incêndios a regressarem de férias, após os grandes trabalhos de Junho, quando subitamente me batem na vidraça...
"-Já temos novo governo! Já temos novo governo!!!"
Eu , que já desesperançava com o calor, decidi aceitar a notícia como um estímulo e continuei a dádiva, ainda esperançado que qualquer coisa de muito importante estava para acontecer.
É que boas novas há poucas, apesar das aparências do verão, e das miragens publicitantes, que nos envolvem em torpor metalinguístico. Pois.
Este calor que nos assola e nos assa a tola, retira a capacidade de concentração, envolve-nos em lânguida monofonia, simples, minimal, felina ausência.
Não fossem as boas novas e estaríamos sem tema nem assunto, elas que nos lembram o desejo das ameixas púrpuras, cor da desesperança.
É nestes dias assim que merecem saber ( os que não sabem) como é bom passear até ao molhe, refresco e bruma, mar de iodo, tatear nas pedras, saborear o som profundo dos beijos.
Na beira-mar, não ter receio das luminescências que nas nossas costas cintilam, como areia fosforescente, e tocar a água que de noite é muito mais do que água.
Mergulho.
boas férias !



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