As razões de um Luso VII

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A bordo da passarola, Padre Bartolomeu interrogava-se em silêncio sobre o futuro.

-Poeta, (envolto em ninfas)- O padre está muito pesaroso hoje, são essas questões do voto de castidade...
-Padre- Não, caro Luis, são as bombas... Nunca pensei que se conseguissem tais engenhos, e tais façanhas guerreiras... será que algo falhou na criação divina?
-Ninfas -Ora, ora , então essas dúvidas... qualquer dia vemos o padre a fumar...Olhe o que vai acontecer ao Damião de Góis...
-Poeta- Ó, grande Damião, grande Damião...Eu bem lhe disse para não escrever certas coisas, para acentuar os grandes feitos, para evocar os clássicos, o grande Afonso, mas ele...
- E morreu ele na Batalha, na Batalha, mais uma celebração da Guerra...
-Poeta- Olhe lá mas não ficou ali um belo mosteiro? O Domingues o Huget, o Boitaca...
-Ninfas- Boitaca...Hi,Hi,Hi, boitaca...boi...
-Padre- Mas não se acabaram as capelas... Sempre os desvios de fundos estruturais,o corte nas despesas... coisa antiga esta dos desvios de fundos...
-Poeta- Será que foi por isso que o pobre do Damião foi assassinado?, por ter descoberto algum desvio de fundos? Ele que se esforçava tanto nos seus périplos pela Europa, será que angariava fundos para a conclusão das capelas?
-Padre- Poeta, Poeta, vê lá, olha que a última vez que falaste de política, terminaram os voos de passarolas para os bombeiros...
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Continuava a conversa animada na Passarola de Padre Bartolomeu, enquanto o Lusitânea media distâncias...
Sacadura ansiava pela chegada a Ormuz, que andaria por perto.
Tinha ouvido falar das belezas Somalis, uma mistura de Ìndico e de África...O espaço do ìndico, Água Nascente, Terra Poente, as somalis...

Nisto, na armada do Gama...

-Homem do cesto da Gávea - Terra terra para onde vais? onde estás tu? ( vê novamente o lusitânia). - Olhem, alerta, alerta, estamos a ser sobrevoados pela libelinha gigante outra vez...! É mesmo uma libe... (calou-se pois não queria cair no ridículo)
- imediato da S. Gabriel,( que tinha ouvido o ruido tonitroante do motor), - ÁS armas! ás armas!...
- Marinheiros- ...Pela terra e pelo mar...!
- Imediato- Não é nada disso! ainda não chegámos á répública!
- Marinheiros- Mas então nós não íamos procurar o Prestes João? Onde é a república?
( Nisto Gama que tinha acordado com o grito de "ás armas", dirigia-se ao convés quando observou também ele o Lusitânia, Sacadura e Gago acenando, acenando, em determinada direcção. ) Pensou que era da noite mal dormida, pela falta de vento e de estrelas credíveis que lhes indicassem o rumo certo. Decidiu virar de bordo e rumar na direcção indicada por aquelas figuras voadoras. Mas não disse nada a ninguém.)

-Gama- (sempre firme)- Vamos folgar a mezena, virar de bordo, apontar novo rumo.
- marinheiros- (Que também tinham visto embora fugazmente, o lusitânia)- Será o Prestes João?...

Bem precisávamos de novo reino...




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