Aproxima-se o grande congro

"Aproxima-se o grande congresso dos arquiiiitectos"- Dizia Gago Coutinho, agora numa dimensão totalmente real.
O congro, gordo que estava de tantos detritos, tranquilo no seu serpentear, saboreava todo aquele oceanório espaço de água e de fartura. Solitário das profundesas, é um dos bichos mais repugnantes que se pode imaginar, não pela imagem, mas pelo que representa.


Agora, no grande Congroesso dos Arquitectos de Guimarâes, aquela cidade da cadela com pintos e da galinha com cães, iria esse bicho prestar um grande serviço á classe, acabando finalmente com o 73/73, que já enjoa. Passemos então ao 74/74.

Em 74, andava eu a bricar aos ìndios e Kaw-boys, aconteceu o 25 de Abril. Chegou a minha irmã do Porto, e disse: "temos uma Revolução! E foram os militares!"
Fiquei aterrado, pensava que teriamos um novo Chile, e que iam matar Marcelo.
Não pensava nem tinha noção da ditadura, vivia num mundo sereno e tranquilo, com praia, campo, escola, festas e digressões pelos pinhais , procurando Robin dos Bosques para me juntar ao seu bando. Nunca o encontrei. Como nunca tive grande consci~encia de classe a Revolução passou-me ao lado. Ainda escrevi umas coisas lá para as aulas de introdução á política, e uma delas fez furor pôs o Liceu inteiro a fervilhar e até provocou um célebre desacato entre a Isabel Moreira e o Luís Araújo, inimicos políticos.
A isabel representava a libertação feminina, e esta para nós era podermos beijar as raparigas nas escadas, e o luís representava o império, o brasil que se perdera, e que jamais se recupera. Difícil a escolha.
Por isso o meu maior receio é transformar-me num congro.

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