A Feira dos Imaginarius

A Feira aposta na renovação dos torneios medievos. Quem frequenta o esforço de renovação dos torneios medievos rumo á modernidade que por lá ocorrem só poderá ficar também, renovado nas suas referências.
Não que estejamos em presença de rupturas e inovações que nos façam revirar as entranhas da alma, mas estes momentos não devem de qualquer modo ser ignorados, sobretudo nos contextos de liderança regional que a Feira cada vez mais tende quase que naturalmente a protagonizar.

Ontem, Sábado de Setembro, tivemos uma noite algo peculiar.
O contexto incendiário que pela segunda vez assolou o nosso território, teve aqui a sua resposta mais espectacular, na forma do espectáculo final do Imaginarius, suportado pela estética do fogo. Fogo preso, ou de artifício. Imaginário projectado no céu da nossa existência, ficamos com a convicção de que poderemos controlar o fogo.

No teatro de rua, ancestral manifestação dos medos e receios mais prementes, exorcização dos terríveis momentos de impotência humana, podemos encontrar a dimensão que nos permita repuxos de tal modo violentos que apaguem toda a imbecilidade. Oremos.

Uma outra dimensão

A Estrutura urbana da Feira e o modo como tem sido preservado o essêncial, ou seja a "Dimensão" do espaço público, permite uma excelente diversidade de espaços para estes tipos de representações.
Por exemplo, as fotografias dos 300 nús, em contextos que retira dos espaços urbanos do quotidiano aquela carga rotineira e imutável, transportaram as pessoas participantes em envolvimentos que são no fundo envolvimentos com o que de mais profundo existe no seu íntimo, (o individual), transfigurando esses mesmos espaços. Nestes momentos de representação e transfiguração colectiva no espaço público ocorrem fenómenos de múltiplas dimensões.
Quero aqui apenas referir que dados determinadas "inputs" , o ser humano é capaz de muito mais do que a sua dimensão de ser físico determina, e mesmo os espaços por vezes na sua aparente materialidade imutável, potenciam essa mesma transformação/inquietação. Digo pois que a qualidade do espaço público resulta desta mesma capacidade de tranmutação.
O simbólico não deveser escamoteado na resolução dos nossos problemas mais concretos, mas o simbólico, hoje não são ícones, nem formas nem representações estáticas...

Lembro a propósito a letra do nosso hino Nacional, tão bem retratada por Inês Pedrosa No Expresso de Hoje...

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